Por Adriana Mattos | De São Paulo
O CEO, Peter Estermann, disse que a política comercial mudou: “A Via Varejo achou o caminho da venda em 2019”
Formada por Casas Bahia e Ponto Frio, a Via Varejo teve o pior trimestre de sua história. A perda de R$ 279 milhões entre outubro e dezembro de 2018 foi a maior obtida em três meses desde a fusão das duas redes, em 2010. Falhas operacionais e decisões da gestão não deram o resultado esperado. Um dos problemas esteve no funcionamento instável do site e dos aplicativos.
O GPA tem 39,3% da empresa – e busca compradores para a sua participação desde 2016. A família Klein, fundadora das Casas Bahia, tem 25,5%.
Após uma troca no comando em dezembro por conta desse cenário, a Via Varejo tem tomado medidas para tentar reverter o quadro. A varejista mencionou ontem as iniciativas, como na área comercial, com política de preços mais agressivos para elevar tráfego nas lojas, foco na venda de itens com maiores margens e corte de despesas. Projeção com melhores números para 2019 foi publicada pelo grupo ontem.
A ação fechou o pregão de ontem em queda de 1,33% – o Ibovespa recuou 1,14%. O desempenho do quarto trimestre ficou abaixo do esperado por analistas – o UBS o classificou como “decepcionante” e o BTG, como “surpresa negativa” – mas o mercado já vinha absorvendo, desde a terça-feira, expectativas de números fracos. Em relatórios, XP, Itaú BBA e UBS mantiveram a recomendação de compra para o papel, pelo potencial de recuperação das redes.
No quarto trimestre, que inclui Natal e “Black Friday”, a empresa cresceu pouco, os custos com mercadoria vendida subiram e houve pressão em algumas despesas (parte delas, não deve se repetir). As vendas líquidas subiram 1%. Nas lojas físicas, a alta foi de 1,7% (os pontos com mais de 12 meses de operação não cresceram). Os sites se expandiram 1%.
“Tivemos vendas razoáveis na Black Friday, mas a margem foi inferior. No Natal, nos recuperamos mas não no nível esperado”, disse o CEO, Peter Estermann, a analistas. “Em 2019, mudamos a estratégia comercial, com o time com meta de venda e de ‘cash margin’ [venda que gera rentabilidade].”
As despesas operacionais cresceram 18% de outubro a dezembro, pressionadas pela linha “outras despesas” que incluiu, por exemplo, pagamento de R$ 82 milhões à família Klein, após um aditivo, fechado em outubro, no acordo de acionistas. Isso levou o grupo a liquidar débitos com o sócio.
Com vendas mais fracas, e custos e despesas maiores, a perda atingiu R$ 279 milhões no quarto trimestre, versus lucro de R$ 111 milhões um ano atrás. Desde a união da Casas Bahia e Ponto Frio, há oito anos, o maior prejuízo havia sido de R$ 166 milhões no quarto trimestre de 2015, segundo análise do Valor Data, que não considera valores pro-forma.
Sobre a operação no fim de 2018, o CEO disse que “os dois gargalos principais” no período foram “ruptura num nível elevado nas lojas” (falta de mercadorias) e instabilidades no sistema dos sites e dos aplicativos. A empresa menciona a ruptura, mas dados mostram que ela carregava nível de estoque na faixa de 100 dias até metade do ano passado. A ruptura pode ocorrer se, o que o cliente quer, a empresa não tem. Questionada sobre isso, a Via Varejo disse em nota que fez um “balanceamento de estoques”, afirmou que está mais “assertiva” e que essa questão deve estar sanada até março.
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