Por Júlia Lewgoy | De São Paulo
Temsamani e Bose, do Citi: modelo bancário tradicional não oferece mais a experiência que os clientes desejam
O impacto da competição das fintechs, startups de serviços financeiros, também chegou aos bancos de atacado. O Citi, voltado para empresas e clientes donos de grandes fortunas, pretende ser um banco 100% digital e fechar todas as agências físicas no Brasil nos próximos anos.
Em entrevista ao Valor, o indiano Tapodyuti Bose, chefe global de canais digitais do Citi, e o executivo Driss Temsamani, também da área de canais digitais, afirmaram que a digitalização é o único caminho para os bancos sobreviverem no atual contexto.
“Queremos ser o que nossos clientes querem que sejamos. E o modelo bancário tradicional não oferece mais a experiência que os clientes desejam”, disse Temsamani. No caso dos bancos de atacado, as fintechs não são somente concorrentes ou empresas parceiras, mas também clientes. Ou seja, há um motivo a mais para digitalizar os processos. “O Citi quer ser o banco dessas empresas que já nascem digitais”, diz Bose.
Assim como as fintechs querem baratear os custos para os seus clientes e melhorar a experiência de consumo de produtos e serviços financeiros, o Citi quer fazer o mesmo para elas. Em junho, o banco ainda tinha 93 agências físicas no Brasil. Segundo maior banco estrangeiro no país, atrás do Santander Brasil, o Citi tem R$ 79 bilhões em ativos.
Em 2017, a instituição financeira vendeu para o Itaú sua operação de varejo, voltada para pessoas físicas. O banco quer se fortalecer como banco de atacado, que sempre foi o seu negócio mais rentável no país.
O Citi Brasil se tornou a quinta maior operação do Citi em atacado no mundo. No primeiro semestre, o lucro líquido do banco no Brasil subiu 19,6% em relação ao mesmo período do ano passado e fechou em R$ 706 milhões.
O banco lidera a estruturação e distribuição de dívida corporativa e é responsável pela custódia de 60% dos investimentos estrangeiros no país. O plano é crescer em financiamento de projetos e em atividades típicas de banco de investimento – como ofertas de ações e dívida, e fusões e aquisições -, além de investir em tecnologia.
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