Hoje, o foco da companhia está ainda em se tornar mais competitiva e em gerar maior retorno para os seus investidores
Por Bryan Harris — Financial Times, de São Paulo
“A pressão que temos é [por] gerar mais resultados para os nossos acionistas”, diz a diretora financeira, Andrea Almeida
A Petrobras disse que está a pelo menos dois anos de distância de dar um impulso significativo em direção à energia renovável. A declaração coloca a estatal de petróleo do Brasil em conflito com a direção tomada por muitas outras grandes empresas do setor, num momento em que enfrentam preocupações em torno da mudança climática.
O grupo, sediado no Rio de Janeiro, disse estar em um período de “transformação” e que seu foco está, em vez disso, em se tornar mais competitivo e em gerar maior retorno para os investidores.
“A pressão que temos é [por] gerar mais resultados para os nossos acionistas”, disse a diretora financeira, Andrea Marques de Almeida. “Acho que após mais dois anos de trabalho árduo a empresa será mais competitiva e estará preparada para concluir quais serão as áreas competitivas em renováveis para a Petrobras.”
Os comentários contrastam com a retórica de muitas das concorrentes da Petrobras, especialmente na Europa, que estão investindo mais em energia renovável.
Embora os gastos ainda estejam, em grande medida, concentrados em combustíveis fósseis preexistentes, grupos como a Royal Dutch Shell e a BP estão investindo em projetos de geração eólica e de geração solar de energia elétrica, bem como em startups de baixo carbono ao se prepararem para a transição energética.
Na semana passada a inglesa BP prometeu reduzir suas emissões de gases-estufa para um total líquido zero até 2050 ou antes. Seu executivo-chefe, Bernard Looney, por exemplo, advertiu que a petrolífera terá de “se reinventar”, num momento em que o mundo migra para uma energia mais limpa.
A Petrobras, a maior empresa do Brasil, gasta US$ 70 milhões ao ano com pesquisa e desenvolvimento voltada para energias renováveis. No entanto, analistas advertiram que sua transição lenta não apenas cria riscos ligados à reputação como podem pôr em perigo sua competitividade futura. O grupo, em vez disso, está se concentrando na extração de petróleo do depósito do “pré-sal”, em águas ultraprofundas ao largo da costa brasileira. No ano passado, alcançou recorde de produção de 3 milhões de barris por dia.
“A Petrobras entende muito de águas profundas. É aí que estamos à vontade”, disse Andrea.
Mas ela acrescentou que a empresa está gastando US$ 100 milhões ao ano para melhorar a captura de carbono em suas plataformas e instalações e que fixou metas para reinjetá-lo no subterrâneo a fim de mantê-lo fora da atmosfera. “Nos últimos dez anos, conseguimos capturar 9,8 milhões de toneladas de CO2 e reinjetá-las”, disse ela. “Temos a meta de 40 milhões de reinjeção de CO2 até 2025.”
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