Perda de US$ 1,56 bi foi provocada pelo negócio de níquel e carvão e provisões referentes a Brumadinho
Por Francisco Góes e Rafael Rosas — Do Rio

Baixas contábeis acima do esperado para ativos de níquel e carvão e provisões relacionadas à Brumadinho levaram a Vale a registrar prejuízo de US$ 1,56 bilhão no quatro trimestre de 2019. Na noite de ontem, a empresa confirmou uma baixa contábil, sem efeito caixa, de US$ 4,2 bilhões no trimestre encerrado em dezembro envolvendo a produtora de níquel VNC, na Nova Caledônia, e a mina de Moatize, em Moçambique. A mineradora também anunciou provisões de US$ 898 milhões para Brumadinho.

As provisões feitas no quarto trimestre incluem US$ 671 milhões para o plano de descaracterização de barragens a montante, do mesmo tipo da unidade que se rompeu em janeiro de 2019, e US$ 227 milhões para acordos vinculados à tragédia. No relatório que acompanha o balanço, a empresa disse que vem evoluindo nas compensações econômicas, incluindo indenizações trabalhistas e indenizações individuais ou coletivas, além de assistência emergencial a 106 mil pessoas. Há ainda outros 27 acordos assinados, segundo a companhia, para cobrir temas específicos como serviços públicos e infraestrutura, fornecimento de água e recuperação ambiental.

Ao todo, as provisões e despesas com Brumadinho somaram US$ 7,4 bilhões em 2019, sendo determinantes para que, junto com as baixas contábeis, a empresa terminasse com prejuízo de US$ 1,68 bilhão no consolidado do ano passado. O prejuízo de 2019 também foi explicado por provisões para a Fundação Renova, responsável pelas reparações do desastre de Mariana (MG), em 2015.

Operacionalmente, porém, a Vale mostrou boa performance, como projetado por bancos de investimentos. No quarto trimestre de 2019, a empresa registrou receita líquida de US$ 9,9 bilhões, alta de 1% sobre igual período do ano passado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de US$ 3,53 bilhões entre outubro e dezembro, queda de 20% sobre igual trimestre de 2018.

Em termos anualizados, a Vale registrou receita de US$ 37,5 bilhões em 2019, alta de 2,7% sobre 2018. O Ebitda consolidado do ano ficou em US$ 10,5 bilhões, queda de 36,2% sobre o ano anterior. Um indicador da boa saúde financeira da companhia, apesar do prejuízo, está no fato de a Vale ter gerado US$ 8,1 bilhões de fluxo de caixa livre no ano passado, o que permitiu a recompra de bonds e o resgate e cancelamento de ações preferenciais da empresa MBR.

No segmento de minério de ferro, principal negócio da companhia, a Vale registrou preço realizado para a commodity, no quatro trimestre de 2019, de US$ 83,5 por tonelada, alta de 22% sobre o quarto trimestre de 2018. No ano de 2019, o preço realizado para o minério de ferro foi de US$ 87,1 por tonelada, alta de 31,5% sobre igual período do ano anterior.