Por Fernando B. do Amaral
Barton Biggs escreveu durante 30 anos “a mais elegante carta do mundo financeiro”, nas palavras de David Swensen, CIO do Endowment de Yale.
Nas décadas de 1970, 1980 e 1990, Biggs assinou a publicação “Investment Perspectives” do Morgan Stanley, leitura obrigatória para quem naqueles anos se dedicou a gerir portfólios de investimentos. Em seu livro “Wealth, War and Wisdom”, ele defende a ideia de que os mercados acionários, embora no curto prazo sejam “aleatórios, irracionais e indecifráveis”, são, em momentos de inflexão, grandes viradas e no longo prazo, “verdadeiramente intuitivos e sábios no seu julgamento”.
A guerra a que ele se refere no título do livro é a Segunda Guerra Mundial e a sabedoria está no comportamento dos mercados de ações durante o conflito. Olhando-se hoje para aquele período, é possível dizer com boa dose de exatidão quais eventos, vitórias e derrotas foram marcantes e significaram importantes pontos de virada.
Na época, no entanto, em meio ao chamado “fog of war”, não era claro para que lado a maré estava se encaminhando. Ao longo de parte do tempo, os jornais, comentaristas e especialistas fizeram previsões alarmistas e o sentimento geral era de desolação. Quando as batalhas que são hoje vistas como fundamentais para a vitória dos países Aliados sobre os do Eixo ocorreram, não se viu nelas a importância hoje atribuída. A exceção foram os mercados acionários.
A “Batalha da Grã-Bretanha”, que ocorreu entre o início de julho e o final de outubro de 1940 e foi a primeira disputa inteiramente por via aérea, é considerada decisiva para a Inglaterra ter se mantido de pé. Essa batalha tem a curiosidade de ter ganho seu nome antes mesmo de ter começado. No seu famoso discurso “This was their finest hour”, em 18 de junho de 1940, o primeiro-ministro inglês Winston Churchill diz que a “Batalha da França” havia acabado (a França acabara de ser invadida pelos alemães, que tomaram Paris em 14 de junho de 1940) e estava para se iniciar a “Batalha da Grã-Bretanha”. A Alemanha havia invadido uma grande parte dos países da Europa e feito um pacto de não-agressão com a Rússia, deixando essa fora da guerra. Os EUA ainda não tinham entrado no conflito e a Inglaterra parecia isolada e sozinha na sua defesa.
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