15/07/2020 às 05h00 Valor Econômico
BANCOS DOS EUA ELEVAM PROVISÕES E VEEM RESULTADOS ENCOLHEREM
Jamie Dimon, do J.P. Morgan, diz que “estamos preparados para o pior cenário”
Por Michelle F. Davis, Hannah Levitt e Jennifer Surane — Bloomberg
Jamie Dimon, do J.P. Morgan: “Estamos preparados para o pior cenário. Simplesmente, não sabemos”
A rápida reação do governo e do banco central dos Estados Unidos adiou um salto no calote de empréstimos em razão da pandemia. Mas o recado enviado agora pelos maiores bancos do país é que esse aumento está por chegar. J.P. Morgan Chase, Citigroup e Wells Fargo reservaram quase US$ 28 bilhões no segundo trimestre para cobrir créditos inadimplentes futuros, um patamar apenas superado pelo trimestre final de 2008, durante as profundezas da crise financeira mundial daquele ano.
Esse montante é maior do que os analistas previam. Os três bancos ressaltaram que suas perspectivas econômicas se deterioraram porque o coronavírus continua assolando os EUA.
Apesar do aumento no desemprego, os programas governamentais de estímulo ajudaram as pessoas físicas a ficar em dia com suas dívidas, sendo que muitas também aproveitaram as opções de adiamento dos pagamentos oferecidas pelos bancos.
O J.P. Morgan informou que a inadimplência em suas maiores categorias de crédito ao consumidor diminuiu ou ficou inalterada em comparação a 2019. Destacou também que, entre os clientes de financiamento imobiliário e de cartão de crédito que conseguiram adiamentos, a maioria, ainda assim, fez algum pagamento.
“Esta não é uma recessão normal. A parte recessiva disso será vista mais à frente”, disse o executivo-chefe do J.P. Morgan, Jamie Dimon. “Vocês verão os efeitos desta recessão. Não de imediato, em razão de todos os estímulos.”
No caso do Wells Fargo, a provisão para créditos duvidosos foi a maior de sua história e levou o banco a ter o primeiro prejuízo líquido desde 2008 e anunciar uma redução de 80% nos dividendos.
As mesas de operações do J.P. Morgan e do Citigroup aproveitaram as enormes oscilações dos mercados e tiveram trimestres recordes, o que ajudou no lucro das instituições. Os operadores do J.P. bateram a receita recorde anterior, superando-a em mais de US$ 2 bilhões, enquanto a alta de 68% na receita do Citigroup com operações de renda fixa superou até a mais otimista das projeções.
Leave A Comment