Por Maria Luíza Filgueiras | De São Paulo

O banco BTG Pactual quer fazer uma operação piloto, até o fim do ano, para oferecer conta corrente do BTG Pactual Digital, sua plataforma de investimentos de varejo. “Hoje nossos clientes de investimento não têm conta corrente no banco e precisam ter outro banco. É mais um serviço que queremos oferecer, para pagamento de conta, transações”, disse João Dantas, diretor financeiro do BTG Pactual ao Valor.

Em teleconferência com analistas ontem, o presidente do banco Roberto Sallouti havia citado estudo de “serviços adicionais” na plataforma, mas sem detalhar. Conforme Dantas, ainda não foram discutidos detalhes como tarifação – se será uma conta gratuita no modelo de outros bancos digitais de varejo ou não. “Queremos até o fim do ano estar com esse piloto. Não discutimos estratégia comercial ainda”, afirmou.

A estratégia é semelhante ao que a concorrente XP Investimentos vem planejando e, para isso, obteve licença de banco em dezembro. É um modelo parecido com o das companhias americanas de investimentos – para que o cliente não tenha que ter várias contas e ficar fazendo transferências entre contas correntes e de investimentos em diferentes instituições.

Em um relatório, o banco Morgan Stanley avaliou que o valor de mercado do BTG Digital pode estar entre R$ 10,5 bilhões e R$ 19,5 bilhões – nessa faixa mais alta, corresponde à metade do valor de mercado atual do banco em bolsa. Questionado sobre a métrica interna do banco para essa avaliação de mercado, Dantas diz que o BTG não trabalha com um valor segregado para a operação.

O BTG não abre muitos dados sobre a operação digital, mas Dantas citou na teleconferência o ritmo de downloads do aplicativo como uma métrica de interesse. Em abril, conforme o relatório do Morgan Stanley, foram 30 mil downloads. Segundo Sallouti, a plataforma já tem contribuído para a expansão de gestão de patrimônio. Só no primeiro trimestre, o segmento cresceu 33,4%, para R$ 134 bilhões sob gestão.

No período, o banco lucrou R$ 675 milhões no primeiro trimestre, alta anual de 12,5%. O lucro ajustado ficou em R$ 721,4 milhões, expansão de 9,2%. A receita total cresceu 13,1%, a R$ 1,48 bilhão no trimestre. Houve incremento relevante de receitas no banco de investimento, com comissões de fusões e aquisições concluídas e com a maior atividade trimestral na área de emissão de renda fixa dívida desde que o banco é listado em bolsa.