Por Edna Simão e Lu Aiko Otta | De Brasília
A emissão de debêntures incentivadas para investimentos em infraestrutura atingiu a marca de R$ 14,315 bilhões de janeiro a julho deste ano, segundo boletim da Secretaria de Política Econômica, repassado ao Valor. Atraídas pela isenção do Imposto de Renda (IR) sobre os ganhos e por retornos mais elevados do que outros produtos financeiros atrelados a títulos públicos, as pessoas físicas respondem por quase 70% dos investimentos.
O volume de debêntures incentivadas está em crescimento, disse o coordenador-geral de Reformas Microeconômicas do Ministério da Economia, Cesar Frade. Neste ano, o recorde de emissões de R$ 21,607 bilhões registrado em 2018 deve ser superado.
No dado parcial de agosto, já haviam sido emitidos mais R$ 2,4 bilhões. A Petrobras pretende lançar outros R$ 3 bilhões. Com isso, o volume total já se aproxima dos R$ 20 bilhões. “Com certeza, a gente vai ultrapassar, e bastante, o dado de 2018, que já foi o maior disparado” afirmou.
Ele atribui a alta ao momento de expectativas favoráveis no mercado doméstico, com o avanço do programa de concessões. O risco de recessão na economia mundial não deve afetar as emissões no curto prazo, avaliou. Mas é um fator de preocupação.
Os números do Boletim Informativo de Debêntures Incentivadas de julho mostram que as pessoas físicas detêm 30,9% do total das debêntures incentivadas. Outros 36,5% estão em fundos de investimento, cujos principais clientes são pessoas físicas.
“O aumento do interesse nas debêntures incentivadas vem do espaço aberto pela queda nas taxas de juros”, avaliou o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. Como os títulos públicos passaram a remunerar menos, as opções que se abriram foram o mercado acionário e as dívidas privadas. As instituições financeiras oferecem fundos de infraestrutura como espécie de renda fixa privada.
Enquanto os títulos públicos oferecem retornos na casa dos 2% acima da inflação, as debêntures proporcionam rendimentos reais em torno de 5%. Porém, são investimentos que envolvem o risco dos empreendimentos.
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