Por Silvia Rosa | De São Paulo
Alexandre Muller, da JGP: gestão mais ativa das carteiras de crédito para aproveitar oportunidades no mercado secundário
A demanda elevada por papéis de crédito privado e a queda no volume de emissões de debêntures neste início de ano fizeram com que as últimas ofertas fossem bastante disputadas por investidores. Se por um lado esse cenário levou a uma redução do custo de captação para as empresas, por outro impôs um desafio aos gestores na tarefa de preservar a rentabilidade dos fundos de crédito privado – segmento que cresceu no último ano como alternativa de diversificação diante da queda do juro para a mínima histórica.
Com demanda de quatro vezes a oferta, a Petrobras emitiu R$ 3,6 bilhões em debêntures – R$ 600 milhões a mais que o volume oferecido inicialmente -, pagando menos que os títulos públicos atrelados à inflação (NTN-B) nas séries de debêntures incentivadas, que contam com isenção fiscal.
A Iochpe também conseguiu reduzir o custo da emissão recente de R$ 450 milhões de debêntures em pelo menos 0,50 ponto percentual. A taxa dos títulos da primeira série, com prazo de cinco anos, caiu de 1,25% para 0,75% mais a variação do CDI. Já o retorno das debêntures da segunda série, de sete anos, saiu a 0,95% mais variação do CDI, abaixo do retorno previsto de 1,50%.
As emissões de dívida no mercado local têm crescido a uma velocidade inferior ao dos fundos de crédito privado e provocado uma compressão das taxas nos mercados primários e secundários de debêntures, afirma Fausto Silva Filho, sócio e gestor de renda fixa da XP Asset Management. “Por causa desse desbalanceamento entre oferta e demanda, os preços de algumas ofertas de debêntures na nossa visão não estão adequados ao risco”, diz.
Com a busca por retornos maiores, o patrimônio dos fundos de crédito privado livre cresceu 19% nos últimos 12 meses encerrados em janeiro, segundo a Anbima, chegando a R$ 106,7 bilhões. Os fundos de investimento em geral também têm buscado papéis de crédito privado para aumentar o retorno dos portfólios. A participação desses ativos nas carteiras chegou a 17% em dezembro, segundo a Anbima, ante 16,4% em dezembro de 2017.
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