Moeda dos EUA continua a perder fôlego ante rivais e analistas esperam que fraqueza prossiga
Por Victor Rezende e Gabriel Roca — De São Paulo
O ambiente de fraqueza do dólar no mercado internacional foi reforçado ontem. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana em relação a outras divisas principais, despencou ao menor nível desde junho de 2018. E, para estrategistas de câmbio, há espaço para que a trajetória de depreciação do dólar globalmente prossiga.
O euro tem sido a moeda que mais atrai as atenções dos agentes do mercado e também testa os maiores níveis desde 2018 ao se aproximar da marca de US$ 1,18, no momento em que a união fiscal entre os países da União Europeia dá apoio à moeda única e tira o apelo de segurança da divisa americana.
Dados divulgados pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) mostram que os investidores continuam apostando contra o dólar na Bolsa de Futuros de Chicago (CME). O destaque, inclusive, fica com as posições compradas em euro, ou seja, que apostam na valorização da moeda única, que atingiram o maior nível desde abril de 2018. Ainda segundo o CFTC, os investidores também elevaram a aposta em divisas como o iene e o franco suíço.
O aumento no número de casos de covid-19 nos Estados Unidos, o excesso de liquidez colocado em vigor pelos bancos centrais e a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) manterá as taxas de juros em níveis baixos por um período prolongado são alguns dos motivos que têm apoiado a visão de um dólar fraco globalmente.
Além disso, como nota a estrategista-chefe de investimentos da Charles Schwab, Liz Ann Sonders, dados de mobilidade têm mostrado que a Europa está na liderança no retorno à normalidade. França, Alemanha e Espanha caminham rumo a níveis de mobilidade pré-pandemia, enquanto países como EUA, Suécia e Reino Unido estão mais atrasados.
Não por acaso, os estrategistas de câmbio do Goldman Sachs acreditam que, “se os ativos europeus tiverem um desempenho tão bom ou melhor em relação aos mercados americanos nos próximos trimestres, como esperamos, a diminuição das posições compras em dólar deve continuar, o que gerará uma apreciação adicional do euro e de outros pares”.
Índices de confiança na Europa também têm mostrado desempenho superior às expectativas do mercado, o que eleva as apostas de uma recuperação acelerada em solo europeu. Ontem, o instituto Ifo informou que o índice de clima para os negócios na Alemanha, maior economia europeia, subiu de 86,3 pontos em junho para 90,5 em julho, acima do nível de consenso do mercado (89,0). Já nos EUA, o índice de confiança do consumidor, que será divulgado hoje pelo Conference Board, deve cair de 98,1 ponto em junho para 94,5, nas expectativas do mercado.
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