Uso de hedge para carteira e dinheiro para aproveitar barganhas garantem resultados positivos

Por Naiara Bertão — De São Paulo

José Tovar, da Truxt: proteção, timing e escolha certeira dos ativos

A pandemia da covid-19, que já entrou para história como uma das piores crises globais, tem representado uma verdadeira prova de fogo para investidores até aqui. Para se ter uma ideia da magnitude do estrago, na crise de 1929, o índice Dow Jones da bolsa americana demorou 35 dias para entrar em “bear market’ (mercado de baixa), quando a queda acumulada supera os 20%. Em 2008, o mercado demorou mais de quatro meses para cair mais de 20%, de maio até o fim de setembro.

Já neste ano, assim que surgiram as primeiras notícias de disseminação do novo coronavírus, foram necessários apenas 16 dias, de 26 de fevereiro a 12 de março, para o Ibovespa despencar 36%, o EWZ (índice da bolsa brasileira em dólares) se desvalorizar 44% e o S&P 500, da bolsa americana, cair 27%.

Ainda que o Ibovespa já tenha se recuperado bem no ano – no dia 20 de julho bateu 104.426 mil pontos -, a perda acumulada em 2020 ainda ronda os 10%. Mas, como se sabe, o Ibovespa é apenas uma referência da média do mercado. Quem investe em fundos de ações pode tanto ter resultados melhores como piores que esse indicador.

Para ver quem se saiu melhor nesse período conturbado para os mercados, o Valor Investe analisou 2.645 fundos de ações e do tipo “long biased”, que, além de posições compradas em ações, pode operar vendido no ativo. O universo contempla o boletim de fundos de investimentos da Anbima, a associação que representa o setor. Como é possível imaginar, esta foi a categoria de fundos que mais perdeu no primeiro semestre: a mediana da rentabilidade foi de menos 16,08% para os fundos de ações e menos 9,94% para os long biased, enquanto o Ibovespa amargou perda de 17,8%. Há, contudo, quem tenha não só conseguido evitar prejuízo como obtidos retornos acima de 40%, conforme o levantamento elaborado pelo economista e blogueiro do Valor Investe Marcelo d’Agosto.

Das conversas com os gestores que se saíram melhor na primeira metade do ano para entender o que deu certo, duas estratégias se sobressaíram: ganhou quem tinha proteção para a carteira e quem tinha caixa e sangue-frio para aproveitar as quedas de dois dígitos da bolsa para comprar ações de empresas que já vinham paquerando há um tempo, mas achavam caras.