Por Maria Luíza Filgueiras | De São Paulo
Após pouco mais de quatro anos de sua última captação e mudanças no time e na sociedade, a gestora de private equity Gávea Investimentos está em fase de captação de seu sexto fundo, segundo apurou o Valor. A gestora busca levantar cerca de R$ 2 bilhões com investidores, conforme três fontes.
O plano é concluir o processo de captação em meados do ano que vem, com investidores estrangeiros mas também participações mais relevantes de capital nacional. O último fundo da gestora, levantado em 2014, foi de US$ 850 milhões – a Gávea teve comprometimento de investidores de US$ 1,1 bilhão, mas não chegou a chamar todo o capital dada a mudança de cenário na economia brasileira, conforme uma pessoa com conhecimento do assunto.
“É a retomada da Gávea, que andava mais discreta nos últimos anos e perdeu parte da relevância de mercado”, avalia um executivo do setor. Essa é a primeira captação após a retomada do controle por Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central e fundador da gestora, e Luiz Fraga, cofundador. O controle da Gávea havia sido vendido ao J.P. Morgan em 2010 e foi recomprado em março de 2016.
A decisão de dar início à captação foi tomada após ficar claro, no ano passado, que Arminio Fraga, não iria compor o novo governo – o economista vinha contribuindo para o projeto econômico do apresentador Luciano Huck, que desistiu de se candidatar à presidência.
Também é a primeira captação após a saída de um grupo de executivos relevantes da área, entre eles Christopher Meyn e Piero Minardi – Meyn havia montado outro negócio nos Estados Unidos (ele morreu em um acidente de carro no fim do ano passado) e Minardi assumiu a gestora Warburg Pincus no Brasil.
Minardi deixou a Gávea já na fase de final de captação do quinto fundo, em 2014. Meyn saiu em julho de 2015. Após a saída de cinco executivos da área, no total, a Gávea contratou Marcelo Albuquerque, mas ele já deixou a gestora – saiu em 2017 para ir para a concorrente H.I.G. Capital. Também deixou a casa há cerca de dois meses o executivo Marcos Pinto.
Os principais nomes à frente de private equity atualmente são os sócios-fundadores, Arminio e o primo Luiz Fraga, que comandam o comitê de investimentos, o presidente da gestora, Amaury Bier, e o consultor sênior e membro do comitê de investimentos Fábio Barbosa, ex-presidente do Santander. O sócio Bernardo Carvalho, responsável pela análise econômica e gestão de multimercados, também participa ativamente do processo de captação em curso, como diretor-executivo da gestora.
A Gávea teve alguns investimentos de performance ruim nos últimos anos, como Odebrecht Óleo e Gás e Lojas Colombo, mas tem desempenho positivo no fundo cinco, conforme duas fontes. A gestora deu uma grande tacada com o investimento na empresa de meios de pagamento Stone. “É um belo ativo para mostrar aos investidores nessa fase de captação”, diz um executivo próximo à gestora. A Stone foi criada há cerca de seis anos e, listada na Nasdaq no ano passado, vale US$ 9 bilhões.
A Gávea fez outros sete investimentos nesse fundo, como o grupo hospitalar São Francisco, a Natural One – empresa de Ricardo Ermírio de Moraes – e as companhias listadas Hering e Fibria.
Se chegar a US$ 1 bilhão, será o segundo maior fundo dedicado a Brasil na nova rodada de captações do setor. A gestora Pátria, que havia adiado o fechamento do fundo para depois das eleições no ano passado, levantou US$ 2,7 bilhões, conforme dado da Associação de Private Equity para Mercados Emergentes (Empea). A gestora pretendia fechar o fundo em junho mas, a pedido de investidores, postergou para dezembro, conforme uma fonte. O volume foi ainda maior que o inicialmente pretendido, de US$ 2,3 bilhões.
O Pátria, aliás, foi quem tirou da Gávea o posto de maior fundo de gestora brasileira e também ocupou seu lugar em relevância de mercado – a Gávea levantou, em 2011, um fundo de US$ 1,98 bilhão que liderava esse ranking. Outros fundos regionais de gestoras internacionais, como captações da Advent International para América Latina, já tinham superado esse montante.
Entre private equity e multimercado, a Gávea tem sob gestão pouco mais de R$ 13 bilhões.
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