Por Cibelle Bouças | De São Paulo

A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) revisou para baixo as suas projeções para produção e vendas do setor em 2018.

“O desempenho do setor ficou abaixo do esperado no primeiro semestre e vamos ter que tentar recuperar resultados na segunda metade do ano”, afirmou Fernando Pimentel, presidente da Abit.

A entidade projeta um crescimento entre 0,4% e 1% para a produção têxtil e de vestuário, chegando a aproximadamente 1,77 milhão de toneladas de produtos. No início de 2018, a estimativa apontava para um avanço de 4%. No ano passado, o crescimento foi de 1,83%.

Para o varejo do setor, a entidade projeta agora para o ano uma expansão também entre 0,4% e 1%, ante um a previsão feita anteriormente de avanço de 5%, chegando a 7,12 bilhões de peças.

De acordo com a entidade, a produção têxtil caiu 0,9% no acumulado de janeiro a junho deste ano. A produção de vestuário, por sua vez, caiu 3,8%.

Segundo Pimentel, o desempenho do setor ficou abaixo do esperado por várias razões. Uma delas foi a greve dos caminhoneiros, que durou 11 dias no fim de maio. “A greve dos caminhoneiros foi um desastre. Nossas pesquisas com associados indica que houve uma perda de produção no setor equivalente a 4 ou 5 dias, ou uma perda de R$ 1,6 bilhão a R$ 2 bilhões”, afirmou.

O executivo disse ainda que o setor sofreu um impacto negativo, no segundo trimestre, do inverno menos frio do que o esperado, principalmente nas regiões Sudeste e Sul do país, o que afetou as vendas no período. A paralisação de empresas durante jogos do Brasil na Copa do Mundo da Fifa também teve efeito negativo.

“Além de todos esses efeitos no próprio setor, muitos aumentaram o consumo de bens duráveis ou bens de valor agregado mais alto, com o maior volume de crédito disponível para pessoa física. Com isso, os consumidores compraram menos vestuário no período”, afirmou Pimentel.

A Abit também divulgou ontem suas primeiras projeções para o ano de 2019. A entidade espera um crescimento de 3% na produção. Para o varejo de vestuário, estima uma expansão de 3% a 4% em volume vendido.

“Estamos com uma visão mais positiva para 2019. Principalmente porque tiraremos elementos de incerteza, sendo a primeira delas, quem vai ser o próximo presidente da República. Seja quem for, a sua política vai ficar explícita. Pode ser melhor ou pior, mas teremos clareza”, afirmou Pimentel.

A Abit também projeta para o próximo ano uma alta de 7% nas exportações e uma queda de 6% nas importações, em função de uma melhora na paridade entre o real e o dólar. A entidade estima ainda uma geração de 13 mil a 14 mil empregos formais em 2019 no setor.