Por Gabriel Vasconcelos, Valor — Rio

 


Os técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirmam que nos meses de junho e julho houve influência “clara e crescente” do aumento de preços ao consumidor no resultado do varejo. Isso, dizem, fica claro na comparação entre receita nominal e volume de vendas das atividades pesquisadas, que vem crescendo.

 — Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

— Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Na comparação com mês imediatamente anterior, as variações no volume de vendas do varejo subiram respectivamente 13,3%, 8,5% e 5,2% em maio, junho e julho. Igualmente positiva nos três meses, a flutuação de receita também desacelerou, se aproximando do nível de vendas no mês de junho e ultrapassando esse indicador em julho. A receita nominal do varejo variou 12,3%, 8,3% e 5,7% respectivamente nos três meses. Na prática, observam os pesquisadores, isso significa que o aumento de receita das empresas têm sido cada vez mais puxado pela alta de preços do que pelo incremento nas vendas.

De acordo com o gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos, esse fenômeno é mais significativo dentro da atividade de hiper e supermercados, puxado pela inflação dos alimentos nos últimos meses. Como houve nova alta de preços nestes itens em agosto, isso deverá ser captado pela próxima medição do comércio, para aquele mês.

Para hiper e supermercados, as variações de volume comercializado nos três meses foram de 7,2%, 0,8% e 0,0% em maio, junho e julho respectivamente, enquanto as receitas variaram 7,2%, 1,5% e 0,5%. “O efeito da inflação sobre o comércio em supermercados é ainda mais claro porque acontece já em junho e se confirma em julho”, diz Santos. O especialista afirma que essa pressão inflacionária sobre os resultados também fica clara em outras atividades, como combustíveis e lubrificantes, mas foi suavizada devido a retração experimentada por esse comércio na pandemia, quando a circulação de veículos ficou restrita.