Por Talita Moreira e Álvaro Campos | De São Paulo
Uma proposta de aumento de capital de até R$ 325,5 milhões no BI&P (ex-Indusval) causou mal-estar entre os controladores do banco e um acionista minoritário.
Pedro Sylvio Weil, que detém cerca de 6% do capital e é conselheiro independente, votou contra o aporte nas condições sugeridas em reunião do conselho de administração. Ele, que foi um dos fundadores da corretora SLW, alegou que a reunião foi convocada sem a antecedência exigida pelo estatuto do banco, que não foram apresentados documentos para embasar a proposta e que a urgência da convocação não estava justificada.
Apesar da manifestação contrária, foi marcada para 27 de março a assembleia de acionistas que vai deliberar sobre a capitalização.
O bloco de controle do BI&P é formado por Manoel Felix Cintra Neto, Luiz Masagão, Roberto Barbosa, Afonso Hennel e Jair Ribeiro. Juntos, eles somam 52,9% do total de ações. Fora desse grupo, o maior acionista é um fundo da gestora americana Warburg Pincus, com 19% do capital.
O grupo de controle se comprometeu a aportar R$ 245 milhões no BI&P, mas o valor poderá chegar a R$ 325,5 milhões se os minoritários acompanharem a operação.
A injeção de recursos tem a finalidade de reenquadrar o BI&P no patamar de capital requerido pelo Banco Central. No fim de setembro, a instituição estava com índice de Basileia negativo em 16,8% – bem distante dos 10,5% exigidos.
Uma parceria feita anos atrás com a Ceagro para atuar no crédito agrícola levou o BI&P a sucessivos prejuízos. Esse cenário, somado à crise econômica, deteriorou a base de capital do banco, que teve de reduzir sua atividade. O aporte é importante para a instituição “virar” a página e voltar a crescer, diz fonte que conhece o assunto.
Em paralelo à emissão das ações, o conselho autorizou a diretoria do banco a estudar a possibilidade de captar R$ 55 milhões em letras financeiras subordinadas, elegíveis a compor o capital de nível 2 da instituição.
Nesse ponto, Weil voltou à carga, alegando que letras financeiras são títulos similares a debêntures, e que instituições financeiras não podem emitir esses papéis. No entanto, as letras são um instrumento de dívida legal e amplamente usado pelos bancos.
O BI&P afirmou, por meio de nota, que as discussões sobre a proposta de aumento de capital foram acompanhadas “exaustivamente por todos os membros do conselho de administração, sem exceção”. Os motivos, segundo o banco, são atender a regulamentação e possibilitar o desenvolvimento de novas atividades operacionais.
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