Por Alex Ribeiro | De São Paulo

As projeções dos analistas econômicos já começam a pender levemente para cortes de juros neste ano, mostra o mapeamento do Banco Central da distribuição das expectativas de profissionais do mercado financeiro. O reforço nas apostas em mais estímulo monetário ocorre depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC declarar que o seu balanço de riscos para a inflação está simétrico, e não mais pendendo para o lado negativo.

Ao mesmo tempo, as projeções de inflação se mantiveram ancoradas nas metas de 2019 e 2020. Esse é um sinal de que os economistas de mercado acreditam que o Banco Central fará os ajustes na taxa de juros necessários para manter a inflação nos objetivos fixados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Se os analistas não confiassem na ação do BC, os juros projetados pelo mercado oscilariam menos, mas a inflação tenderia a divergir das metas, para cima ou para baixo.

Quase 30% dos analistas econômicos acreditam que o Banco Central vá reduzir a taxa Selic em pelo menos 0,5 ponto percentual, dos atuais 6,5% ao ano para 6% ou menos. Um mês antes, no último dia útil de fevereiro, apenas algo como 10% dos analistas econômicos apostavam em um corte na taxa básica de juros.

Até fevereiro, havia mais apostas em alta de juros do que em corte da taxa. Quase 30% dos analistas achavam que, depois de baixar os juros aos menores níveis da história, o BC começaria a retirar estímulos monetários neste ano. Hoje, menos de 15% dos economistas do mercado preveem alta de juros em 2019.

A maior parte dos analistas segue apostando na manutenção dos juros básicos em 6,5% ao ano até o fim de 2019. Em fevereiro, cerca de 50% deles previa manutenção dos estímulos monetários nos patamares atuais; no último dia de março, esse percentual havia subido para 60%.

Os analistas aumentaram as apostas também em um período mais longo de política monetária estimulativa. Algo como 20% deles acreditam que, em 2020, a taxa básica de juros ficará nos atuais 6,5% ao ano ou em percentual mais baixo. Em fevereiro, cerca de 10% dos economistas do setor privado previam que isso fosse ocorrer.

Ao mesmo tempo que apostam em menos juros, os analistas econômicos mantêm mais ou menos inalteradas as suas projeções para a inflação. Cerca de 90% acreditam que, em 2020, a inflação será maior do que 3,7% e menor ou igual a 4,1%. A meta de 2020 está definida pelo CMN em 4%.

De forma crescente, a política monetária tem como foco a inflação de 2020. Cortes de juros começam a ter efeito sobre a inflação, quando se transmite pelo canal da atividade econômica, com uma defasagem de cerca de nove meses. O efeito máximo dos estímulos monetários ocorre com uma defasagem entre um ano e meio e dois anos.

Para 2019, menos de 10% dos analistas acreditam que a inflação ficará acima do centro da meta, de 4,25%. Ainda assim, a maior parte deles acredita que, se ultrapassar 4,25%, ficará bem próxima desse percentual.