Por Juliana Machado | De São Paulo
O Ibovespa começa abril de volta à faixa dos 95 mil pontos, com a aparente manutenção da trégua em Brasília, depois de duas semanas de desencontros e troca de farpas entre governo e Congresso em torno da reforma da Previdência. O vaivém no campo político nas duas últimas semanas, porém, fez com que o Ibovespa encerrasse março praticamente no zero a zero – e o tema deve continuar pautando a oscilação do índice ao longo do mês.
Os investidores locais foram, novamente, os responsáveis pela oscilação do Ibovespa recentemente. A lacuna deixada por essa classe de investidor – que, nas vendas recentes, colocou o índice perto dos 90 mil pontos – foi ocupada parcialmente pelos estrangeiros. Mas houve, também, uma reversão de algumas apostas mais pessimistas dos investidores locais, que colaborou para a retomada do mercado.
Seja do ponto de vista do investidor estrangeiro ou do local, no entanto, não dá para dizer que o fluxo de compra na bolsa vá se manter daqui em diante. Mais do que confiança de que haverá continuidade na reforma, gestores observam que volatilidade deve predominar nas negociações.
“O estrangeiro não vai entrar [na bolsa] com uma combinação de elevada instabilidade com preços mais altos, como se viu. O estrangeiro que está focado na melhora de fundamentos do Brasil vai esperar por uma reforma aprovada para elevar alocação por aqui”, afirma Cesar Augusto Mikail, gestor de portfólio com foco em renda variável da Western Asset no Brasil. “Essa classe de investidor se aproveitou dos preços ‘baratos’ das ações, mas ainda está em modo de espera.”
A posição dos estrangeiros na bolsa brasileira ainda está positiva em R$ 2,11 bilhões no acumulado do ano até o dia 27 de março, dado mais recente da B3. No acumulado de março até aquela data, o fluxo está positivo em R$ 3,21 bilhões. Nas últimas sessões, no entanto, os estrangeiros intercalaram entradas e saídas e não definiram uma tendência clara. Só no dia 27 de março, a retirada de recursos por essa classe de investidores foi de R$ 480 milhões.
O Ibovespa terminou a sessão de sexta-feira em alta de 1,09%, aos 95.415 pontos. No acumulado da semana, o Ibovespa conseguiu se recuperar do tombo dos últimos dias e subiu 1,79%. Em março, porém, houve leve queda de 0,18%. No acumulado do primeiro trimestre, o índice avançou 8,56%.
Um outro elemento que deve marcar as oscilações do Ibovespa é o rebalanceamento da sua carteira teórica. A primeira prévia será divulgada hoje pela B3 e deve resultar na entrada e saída de alguns papéis, o que pode acabar gerando um fluxo adicional para o índice. Isso se dá como resultado da movimentação dos fundos indexados, ou seja, que acompanham o rendimento do indicador e precisam, portanto, ajustar suas carteiras automaticamente.
Segundo relatório do BTG Pactual, há expectativa de que a companhia de resseguros IRB Brasil e a aérea Azul entrem no Ibovespa, enquanto a Log Commercial Properties deve sair da carteira. Ainda de acordo com os cálculos do banco, Itaú Unibanco PN e Bradesco ON devem ser os grandes ganhadores de peso no índice, com um impacto esperado na liquidez. O período de vigor do índice rebalanceado é de maio a agosto de 2019.
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