Segunda maior fornecedora de equipamentos de telecomunicações no mundo, atrás apenas da Huawei, a Nokia mira no Brasil tanto operadoras de alcance nacional como provedores regionais de acesso à internet e prestadoras de pequeno porte (PPPs). Com mais de 145 contratos comerciais relacionados ao 5G assinados no mundo, a finlandesa atende as maiores operadoras americanas, coreanas e japonesas, mas aposta que para a nova tecnologia atingir todo o seu potencial comercial será fundamental envolver também centenas de startups.
O desenvolvimento de aplicações práticas do 5G, principalmente na área industrial, ficará a cargo de um ecossistema de fornecedores de tamanhos variados, afirma Ailton Santos Filho, diretor responsável pelos negócios da Nokia no Brasil desde 1º de janeiro. Não por coincidência o executivo comandava anteriormente a área de software da Nokia para a América Latina, indústria na qual as redes colaborativas têm papel relevante no desenho de produtos e serviços.
“Todas as indústrias vão buscar eficiência e cada indústria vai buscá-la em cada ponto da sua cadeia produtiva. Quando você multiplica cada setor produtivo por cada passo na cadeia de cada indústria, estamos falando de milhares de casos de uso a serem explorados”, argumenta Santos. “Isso vai ser explorado por uma quantidade enorme, por centenas de fornecedores especializados.”
A estratégia da Nokia para fomentar essa cadeia de fornecedores passa pelo investimento em laboratórios – cinco, com esta finalidade, no país -, por parcerias para desenvolvimento de tecnologias com padrões “abertos” e até por investidas no setor de agronegócio. A empresa é parte de uma associação, a ConectarAgro, que tem o objetivo de promover tecnologias abertas, capazes de operar com sistemas diversos, em todas as áreas rurais do país.
No ano passado, a Nokia forneceu equipamento 5G para testes de interferência na faixa de frequência de 3,5 gigahertz (GHz) realizados pela Brisanet, um dos maiores provedores regionais do país e possível participante do futuro leilão de frequências para serviços de quinta geração. Juntas, as autodenominadas “operadoras competitivas” – pequenos e médios provedores – detinham ao fim do ano passado uma fatia de 40,7% do mercado brasileiro de banda larga fixa, segundo a consultoria Teleco.
“Vemos um movimento de profissionalização de gestão e tecnologia por parte das PPPs [prestadoras de pequeno porte]. Vemos uma consolidação de uma primeira onda de ISPs [sigla em inglês para provedores de acesso à internet] e a questão dos fundos”, ressalta Santos, numa referência a investidores que estão favorecendo o processo de consolidação. A Nokia atua tanto no fornecimento de tecnologia como na parte de consultoria de gestão.
O fato de o leilão de frequências 5G estar previsto para julho enquanto em outros países – como China, Estados Unidos e Japão – o serviço já estar disponível não significa necessariamente que o Brasil esteja atrasado nesta disputa tecnológica, sustenta o executivo. “Não é uma corrida de cem metros. É uma corrida longa”, afirma.
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