Por Camila Maia | De São Paulo
Lycurgo, da Taesa: ‘Questão socioambiental é muito importante para nós’
A emissão de R$ 210 milhões em debêntures incentivadas pela Taesa com o prazo de vencimento alongado, de 25 anos, indica uma tendência para esse tipo de financiamento, que se mostra cada vez mais atrativo para os investidores de infraestrutura. A avaliação é de Raul Lycurgo Leite, presidente da transmissora de energia, que tem um grande número de projetos em construção na carteira e deve voltar a acessar o mercado em breve.
“Esse prazo é importante para a gente porque faz com que nossos projetos tenham um retorno maior, e é o que vamos buscar nas próximas emissões de debêntures de infraestrutura”, disse Marcus Aucélio, diretor financeiro e de relações com investidores da Taesa, para quem a operação foi “um marco” e deve indicar uma nova tendência de prazo para emissões do tipo. “Verificamos que há grande confiança do mercado na Taesa, devemos perseguir oportunidades como essa no futuro”, completou o executivo.
No total, a companhia concluiu ontem a emissão de R$ 1,06 bilhão em debêntures. O total de R$ 850 milhões em debêntures institucionais teve taxa de 108% do CDI e pagamento “bullet” (no vencimento). Esses recursos serão voltados para reforço de caixa e pagamento de aquisições feitas ano passado. Os R$ 210 milhões em debêntures incentivadas tiveram custo de IPCA mais 5%, e serão destinados a três projetos de transmissão em fase de construção, dois dos quais devem entrar em funcionamento até o fim deste ano.
Neste ano, a Taesa já havia captado R$ 224 milhões em debêntures simples, recursos destinados ao projeto Janaúba, que inclui uma linha de transmissão de 542 quilômetros entre Minas Gerais e Bahia. O prazo também foi considerado longo, de 14 anos. “Se em fevereiro essa emissão já foi um gol de placa para nós, nossa equipe financeira correu atrás de um prazo ainda mais alongado e eficiente”, disse Lycurgo.
Os R$ 210 milhões emitidos como debêntures incentivadas receberam ainda certificação como “green bonds”, o que é tido como prioridade na Taesa, segundo Lycurgo. “Essa questão socioambiental é muito importante para nós”, afirmou. De acordo com o executivo, a transmissora já tem nível alto de governança e transparência, mas tem como meta melhorar e obter classificação superior nos critérios de certificação. “Hoje, somos Nível 2 na B3, mas trabalhamos para seguir todas as regras do Novo Mercado”, disse, se referindo aos níveis de governança da bolsa.
A Taesa tem sido destaque no setor elétrico em termos de aquisições e participação em leilões. Atualmente, a transmissora tem nove empreendimentos em construção, que somam R$ 5,6 bilhões em investimentos. Além disso, a companhia fechou no ano passado a aquisição de participação da Âmbar, braço de energia da J&F, em ativos de transmissão por cerca de R$ 950 milhões. Também adquiriu as participações da Eletrobras em três ativos de transmissão na qual já tinha participação.
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