Com queda de 3,2% no lucro em 2019, Telefônica acelera ‘transformação’ tecnológica
Por Alexandre Melo — De São Paulo
Christian Gebara: consumo das famílias está melhorando e isso vai se refletir no negócio da tele, em especial no pré-pago
Os planos da Telefônica Brasil em transformar a sua vocação de uma empresa de telecomunicações para uma companhia de tecnologia avançam neste ano com a venda de pacotes de telemedicina e ensino a distância. A dona da Vivo discute os termos dos novos serviços com duas grandes empresas brasileiras de saúde e grupos ensino, disse ontem ao Valor, Christian Gebara, diretor-presidente do grupo, sem revelar os nomes.
A estratégia é vender esses serviços aos consumidores associados a planos de banda larga por fibra óptica nas 1,5 mil lojas da Vivo. Nessa mesma linha de serviços digitais, a companhia deverá ampliar a oferta em entretenimento e produtos financeiros, de olho na parcela da população sem conta bancária. Em agosto de 2019, a Telefônica começou a vender crédito pessoal de R$ 1 mil a R$ 30 mil para uma parte dos seus 43,17 milhões de clientes de planos controle e pós-pago.
Durante a apresentação dos resultados financeiros do quarto trimestre de 2019 ontem, a Telefônica informou que o lucro líquido recorrente contábil atingiu R$ 1,39 bilhão, com queda de 9,9% em base anual. No acumulado de 2019, o lucro líquido somou R$ 5 bilhões, com recuo de 3,2% frente a um ano antes. Excluindo a adoção da norma contábil IFRS 16, o lucro líquido recorrente pro forma da companhia chegou a R$ 1,48 bilhão no trimestre, sendo 4,2% menor em relação a igual período de 2018, e R$ 5,3 bilhões em 12 meses, com alta de 2,5%.
A Telefônica encerrou o quarto trimestre com dívida líquida de R$ 1,1 bilhão. David Melcon, vice-presidente de finanças da companhia, afirmou, durante teleconferência com jornalistas, que a taxa básica de juros da economia (Selic) em 4,25% ao ano muda a situação do Brasil e a dívida líquida baixa abre espaço para a possível contratação de novas dívidas no futuro.
Dois fatores têm potencial para aumentar em breve a dívida da Telefônica. Um deles é o leilão da quinta geração de serviços móveis (5G), previsto para ser realizado no fim do ano pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O outro é a eventual venda da área móvel da concorrente Oi. A dona da Vivo tem interesse em analisar os dois investimentos, mas Gebara não revela se seriam cumulativos. Os aportes para isso poderiam partir tanto do caixa da empresa quanto do repasse de capital da controladora espanhola.
No ano passado, os investimentos da Telefônica foram de R$ 8,84 bilhões, o que representa crescimento de 7,9% em relação ao ano anterior. Para 2020, o total aplicado será de, no máximo, R$ 9 bilhões, disse Gebara na teleconferência com jornalistas. O valor não considera aquisições ou participação em leilão.
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