Por Renato Rostás | De São Paulo

Apesar de o câmbio ter minado os ganhos durante o segundo trimestre, a Votorantim S.A., holding do grupo dos Ermírio de Moraes, segue confiante em reduzir a alavancagem financeira no ano e aposta em gerar por si os recursos necessários para seus próximos planos de investimento.

Em entrevista ao Valor, Sérgio Malacrida, diretor financeiro, disse que a perspectiva ainda é de índice de dívida líquida sobre Ebitda – ou quantos anos de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização levaria para pagar as obrigações – feche 2018 em 2 vezes. Em junho, atingiu 2,69 vezes.

Por conta desse saneamento das finanças, mesmo com algumas operações enfrentando momento adverso, especialmente a área de cimentos, a empresa confia nas próprias pernas para sua próxima rodada de investimentos. As opções ainda são discutidas internamente, mas os setores de interesse são os de infraestrutura, propriedades imobiliárias e energia.

“Esse cenário de alavancagem em 2 vezes viria mesmo sem o dinheiro da operação de Fibria e Suzano “, afirma o executivo. A Votorantim deve receber ao menos R$ 8,6 bilhões com a fusão, mais uma fatia na empresa resultante da combinação das duas produtoras de celulose, quando a transação for aprovada. “Já estaremos bem confortáveis.”
No segundo trimestre, o grupo viu seu lucro líquido atribuído a controladores cair 83,9%, em comparação anual, para R$ 94 milhões, por conta do efeito, em sua dívida, da queda de 16% do real ante o dólar no período. A receita líquida, por outro lado, cresceu 22,5%, para R$ 8,2 bilhões, e o Ebitda ajustado subiu 15%, para R$ 1,7 bilhão.

Mas o dólar beneficiou o lado operacional, já que atende por 35% das receitas. O maior fator de crescimento, contudo, explica Malacrida, é o bom momento dos preços de metais, vendidos pela Nexa Resources e a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). Na Votorantim Cimentos, ganhos de eficiência têm aliviado o resultado, mas a holding ainda aguarda melhora de mercado no Brasil.